terça-feira, 30 de abril de 2013

Marcos Costa, diretor da CTS Travel Solutions: 'as fraudes continuam' - Diário do Turismo

EXCLUSIVO
Foto: arquivo DT - 30/4/2013

Marcos Costa, 

diretor da CTS Travel

Solutions: 'as fraudes

continuam'


Redação e Edição do DT


Sócio-diretor da CTS Travel Solutions, criada em 2007 com a proposta de auxiliar empresas na gestão financeira de viagens e eventos corporativos, Marcos Costa tem contribuído de forma significativa na recuperação de valores mal aplicados e mal gerenciados relacionados à compra e reembolso de passagens aéreas. Segundo ele, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, até dezembro de 2012, os projetos realizados por sua empresa de auditoria resultaram em mais de R$ 31,2 milhões em economia e recuperação de valores para os seus clientes, atingindo um total de R$ 204,5 milhões revisados, uma média superior a 15% em economia.
“Desenvolvemos metodologias e processos que garantem às empresas alto desempenho na gestão de viagens e eventos corporativos”, disse ao DT. A CTS Travel Solutions já prestou serviços a empresas como a Amgen Bergamo, Bayer, HDI Seguros, L´Oréal, Novo Nordisk, Air Liquide, Liberty Seguros, DHL e CSU, entre outras. Acompanhe, abaixo, entrevista esclarecedora, concedida ao Conselho Editorial do DT:
"O mercado se adaptou rápido e criou novas formas de continuar burlando os processos e se beneficiando de forma fraudulenta ao despreparo de gestores"
DIÁRIO : Em 2009, em entrevista ao DIÁRIO,  o senhor apontava que alguns acordos entre empresas da área do turismo corporativo não eram honrados, impostos não eram recolhidos por operadoras e a comissão das agências não eram retidas nos estados onde os bilhetes eram emitidos. O que mudou de lá para cá? 
MARCOS COSTA Muita coisa mudou, novas regras foram criadas, novos controles foram estabelecidos, entretanto, o mercado se adaptou rápido e criou novas formas de continuar burlando os processos e se beneficiando de forma fraudulenta ao despreparo de gestores, agências e empresas. Os alvos são os mesmos: empresas públicas e privadas, às vezes por falta de conhecimento, outras vezes por negligência, mas boa parte dos envolvidos nesta categoria de despesas, viagens e eventos corporativos fazem parte do esquema, onde todos de alguma forma se beneficiam, seja por gordas comissões ou até mesmo por viagens para familiares e amigos.   
DIÁRIO: Que cobranças irregulares são essas? É possível detalhar? 
MARCOS COSTA - Sim, são diversas as formas de prejuízo, vamos citar algumas apenas para ilustrar a criatividade do brasileiro, infelizmente neste caso para o mal. A bola da vez agora são os sistemas de compra online; toda agência tem um e a grande maioria das empresas já utiliza um sistema de compra online, acontece que os sistemas são facilmente manipulados pelos fornecedores, principalmente aqueles que são oferecido “de forma gratuita”.
DIÁRIO – Dê um exemplo...
MARCOS COSTA - Em uma determinada empresa identificamos que a tarifa disponível para compra da passagem  aérea estava 20% mais cara que a mesma tarifa, na mesma classe, data, destino, tudo igual ao site da companhia aérea. Na primeira análise achávamos que tinha sido um erro, e que te fato não havia como a agência se beneficiar com esse “marke up”, já que nosso cliente pagava no cartão dele, então o valor deveria ir direto para companhia aérea. Para nossa surpresa a agência também era estabelecimento e usava o cartão na própria agência e faturava a compra na companhia aérea; desta forma ela recebia da administradora do cartão o valor 20% mais caro e pagava para a aérea o valor correto na fatura. Para o cliente, o valor que foi autorizado e cobrado, serão iguais, desta forma a auditoria interna da empresa nunca acharia essa fraude, neste caso, sendo um cliente nosso identificamos a tempo de maiores prejuízos.
DIÁRIO – Acontecem casos também com o setor público?
MARCOS COSTA – Com certeza! Uma situação são as tarifas que deveriam ser utilizadas apenas por empresas publicas (que na realidade não faz nenhum sentido ter sistema diferenciado do privado, mas é assim que funciona). Por exemplo, na tarifa de uma empresa pública a comissão do fornecedor tem que estar embutida no preço, já para empresas privadas a cobrança tem que ser através da Taxa DU, (pasmem, uma grande TMC do Brasil diz, sim ainda diz, aos seus clientes que esta Taxa DU é uma taxa administrativa da companhia aérea, assim sendo esta tal TMC precisa cobrar o Fee para realizar o atendimento, mas na prática retém a Taxa DU, e ainda recebe o Fee). 
Voltando ao assunto, para aqueles empresas que sabem que Taxa DU é comissão e portanto retiram do sistema, a fraude funciona da seguinte forma: neste caso primeiro o fornecedor já deve ter em seu portfólio uma empresa pública, isso é fato real;  o fornecedor recebia o Fee (taxa administrativa) pelo serviço, retirava a Taxa DU do sistema, mas na hora da emissão da passagem utilizava a unidade operacional da empresa pública, ou seja, novamente ganhava duas vezes, cobrava o Fee e emitia a passagem em uma tarifa onde a comissão por LEI (eu nunca entendi essa LEI, já que ela facilita a corrupção) tem que estar embutida no valor da Tarifa, desta forma não aparece no e-ticket, não aparece no extrato do cartão, fica tudo camuflado. Por isso eu falo, sempre desconfie quando algum fornecedor ganhar uma concorrência praticando um Fee muito baixo. 
DIÁRIO- Qual o preço médio de um Fee, hoje?
MARCOS COSTA - Segundo o Sindetur (Sindicato das Empresas de Turismo) O valor do Fee para cada transação tem que girar em torno de R$ 50,00, já recebemos proposta de Fee por R$ 3,80 que foram eliminadas, mas sabemos que a mesma proposta ganhou a concorrência de uma grande construtora, ou seja, menos de 10% do valor recomendado pelo Sindetur.
"Os sistemas não funcionam adequadamente, o processo de reembolso foi desenvolvido para nunca acontecer, já que a dificuldade criada é tão grande e o cliente perde pelo cansaço"
DIÁRIO – Como é possível em uma empresa, com todas as ferramentas tecnológicas que tem, não identificar um reembolso que não foi feito? O senhor pode detalhar o processo?
MARCOS COSTA Os sistemas não funcionam adequadamente, o processo de reembolso foi desenvolvido para nunca acontecer, já que a dificuldade criada é tão grande que o cliente perde pelo cansaço. Primeiro passo; - o cliente identifica a necessidade de solicitar o reembolso por um serviço não utilizado, isso para os casos que o cliente consegue identificar. O segundo passo; - o fornecedor precisa processar o pedido até aqui o sistema online ajuda, pois informa que foi solicitado o reembolso, mas a partir daqui a confusão começa. Terceiro passo; - solicitar o reembolso, por exemplo, para  a companhia aérea, é um verdadeiro martírio, o pedido em alguns casos, para aéreas nacionais, tem que ser feito por e-mail, então não há protocolos ou qualquer controle que ajude, além do e-mail, para saber se o pedido foi atendido, a aérea não informa número de documento ou carta do processo, nem tão pouco os valores reembolsados ou as eventuais multas, até este ponto o cliente não sabe mas já perdeu mais 30% dos seus pedidos.Quarto passo; - identificar no cartão o crédito e conciliar com o pedido, em alguns casos fica muito tempo o crédito retido no cartão por falta de informação gerencial, aqui se perde mais uns 20% dos pedidos. Quando o valor retorna para o cliente na maioria das vezes o cliente não consegue alocar o crédito no centro de custo do pagante. Chegamos a encontrar situações que o cliente de uma grande empresa americana, não aceitava os créditos que não conseguia identificar a origem. Resumindo: do primeiro ao último passo, seguramente se perde mais de 50% dos créditos devidos, isso em um cenário com algum controle, ainda tem muita empresa perdendo mais de 80% dos seus reembolsos por falta de gente capacitada.   
DIÁRIO – Identificada a fraude, as empresas ou as pessoas responsáveis por tal delito, já foram criminalizadas? 
MARCOS COSTA – Esse é um ponto bem delicado, pois as empresas não querem ver sua imagem ligada a processo falhos, ou fraudes, principalmente as de capital aberto, a grande maioria que identifica a participação de um gestor opta a apenas desligá-lo do cargo. Mas temos um caso emblemático, onde a gestora que até então era referência no mercado de viagens corporativas saiu escoltada da empresa e ainda foi demitida por justa causa, por se beneficiar do esquema de fraude, que gerou milhões em prejuízo, juntamente com os fornecedores.
DIÁRIO – Existe também a retenção de comissão em fee, prejudicando a agência de viagem? 
MARCOS COSTA Quando a ganância é grande as pessoas ficam cegas e querem ganhar mais do que deveriam, e acabam deixando de receber ou de cobrar o que de fato é de direito. Isso tem ocorrido sim, algumas agências não sabem precificar direito e acreditam que darão um jeitinho de ganhar por fora. Todos os nossos clientes pagam por todos os serviços e na maioria deles pagam por um preço superior a média para não caírem neste tipo de armadilha, em alguns casos quando realizamos o processo de concorrência, desclassificamos proposta com preço muito baixo, pois foge da realidade. Acredito que desta forma estamos contribuindo para um amadurecimento do setor de viagens e eventos corporativos e ao mesmo tempo separando o joio do trigo. Estamos ampliando nossa atuação e em breve vamos realizar Auditoria nas Agências, para aquele sócio ou investidor que não entende do negócio e precisa ter certeza da receita que entra.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Má gestão e fraudes representam 15% do gasto das empresas com viagens corporativas

Má gestão e fraudes representam 15% do gasto das empresas com viagens corporativas


Má gestão e fraudes representam 15% do gasto das empresas com viagens corporativas

SÃO PAULO - Segundo pesquisa, cobranças indevidas, reembolsos não realizados e acordos não aplicados são os maiores problemas...

Camila Moura
foto: Creative Commons - Reprodução autorizadaSegundo balanço, até dezembro de 2012 os projetos de revisão técnica resultaram em mais de R$ 31,2 milhões em economia e recuperação de valores para os seus clientes.
Segundo balanço, até dezembro de 2012 os projetos de revisão técnica resultaram em mais de R$ 31,2 milhões em economia e recuperação de valores para os seus clientes.
SÃO PAULO - Um pesquisa realizada pela empresa Corporate Travel Solutions - CTS, especializada em gestão financeira de viagens e eventos corporativos, apontou que grandes empresas tem um prejuízo de 15% neste setor. Cobranças irregulares, reembolsos não realizados e acordos comerciais não cumpridos seriam os principais motivos revelados. As revisões técnicas realizadas demonstraram que este percentual pode ser atribuído à má gestão ou gestão fraudulenta.
O diretor da CTS, Marcos Costa, admite que nos últimos cinco anos, houve um aumento tímido na busca pelos serviços oferecidos. Segundo Costa, os gestores destas empresas sabem, na maioria das vezes, que há falhas e desvios e até contam com eles por considerarem a dificuldade de se fazer o controle destas despesas. Segundo o empresário, a maioria das empresas banaliza o tema e busca por profissionais dentro da própria companhia para cuidar do departamento ou passa a responsabilidade para o departamento de compras. “Nossa maior dificuldade é lidar com os responsáveis pelo travelling, que encaram nosso trabalho como se fossemos apontar falhas de sua gestão. No entanto, se temos acesso direto ao gestor de finanças, isso deixa de existir.”
A empresa é capaz de fazer uma revisão dos últimos cinco anos de gastos buscando a recuperação de perdas. No entanto Costa admite que em grande parte dos casos, é possível reaver benefícios e reembolsos perdidos apenas nos últimos 12 meses. “Infelizmente, a legislação e a burocracia dificulta a cobrança em períodos maiores. Mesmo assim, este trabalho inicial mostra para o cliente qual o prejuízoreal da empresa”, afirma.
Prejuízos diversos
Segundo o levantamento, uma companhia que lida com mil transações mensais, perde um valor considerável se contabilizar cobranças duplicadas, taxas indevidas, multas, juros e bilhetes de avião pagos não utilizados. Outro ponto crítico, segundo Costa, são os reembolsos, que muitas vezes não são realizados da forma correta. “Não existe, por exemplo, bilhete de companhia aérea não reembolsável, mesmo que tenha sido comprado em uma promoção e não utilizado. Por falta de conhecimento e controle do processo, que é lento e burocrático, as empresas perdem muito dinheiro neste item”, alerta.
Há ainda, companhias que contratam agências de viagens pelo sistema de fee mensal, em que todo custo direto, indireto e o lucro do fornecedor estão embutidos no valor final. Entretanto, se houver qualquer benefício ou comissão paga por um fornecedor à agência, a mesma deve repassá-lo ao cliente. “Infelizmente, isso não acontece no Brasil. O que vemos é que estes valores acabam sendo retidos pelas agências e os contratantes acabam tendo prejuízos”, revela.               
A pesquisa aponta ainda que perde dinheiro também com acordos não aplicados. “Temos um caso em que determinada companhia aérea havia negociado com um dos nossos clientes um desconto de 12% sobre o valor da tarifa publicada. Quando realizamos a revisão, descobrimos que o desconto que estava sendo aplicado era de apenas 3%. Conseguimos reverter a situação no primeiro mês de validade do acordo, mas já houve casos em que clientes perderam mais de 80% dos benefícios do acordo em um ano por falta de gente especializada em analisar essa informação”, exemplifica Costa.
Segundo balanço da empresa, até dezembro de 2012 os projetos de revisão técnica resultaram em mais de R$ 31,2 milhões em economia e recuperação de valores para os seus clientes em um total de R$ 204 milhões revisados.